terça-feira, 7 de junho de 2011

Egoísmo


O Castigo do Egoísta Quem não sabe viver com caridade e abraçar a dor dos outros, tem como castigo sentir com violência intolerável a dor própria. A dor só pode suportar-se tornando-a comum e compartilhando-a com os outros que sofrem. O castigo do egoísta está em só disso se aperceber sob a férula (castigo), tentando em vão aprender a caridade, por interesse.

Cesare Pavese, in 'O Ofício de Viver



Egoísmo é diferente de egocentrismo e de individualismo?

Egoísmo e egocentrismo podem ser parecidos, mas não são a mesma coisa. Egocentrismo é inato. Todos nós nascemos voltados para o próprio umbigo,



 ao passo que o egoísmo vem mais tarde, quando reconhecemos a existência do outro. O velho avarento se assemelha à criança mimada: o pimpolho deixa você “chupando o dedo” enquanto lambe o pirulito na sua frente. Já o adulto deixa você “com as mãos abanando” enquanto contabiliza os ganhos nas suas costas.
De acordo com os estudos da psicologia do desenvolvimento, todo bebê é egocêntrico porque não tem com quem se comparar a não ser com ele mesmo. É natural que se considere o centro do mundo, pois ainda não tem a experiência de alteridade (não distingue nem reconhece a existência do outro). A criança vê a ela e à mãe como uma pessoa só. Até os 3 anos ela é assim, não se enxerga além de seus limites. “Mas isso é normal, é apenas um fator de desenvolvimento infantil pelo qual todos passamos”, afirma Márcia Reda, psicopedagoga.
Como o bebê ainda não tem capacidade de julgamento moral, é esperado que ele defenda suas próprias necessidades e que se comporte, logo ao primeiro choro, como um miniegoísta. Os principais responsáveis por desprendê- lo do próprio umbigo são seus pais. São eles que delimitam o horário da amamentação, do sono, da brincadeira, do banho. E, à medida que o baixinho fica mais altinho, novos valores constroem-se de acordo com as experiências que vivencia e seleciona – o que deve ou não ser feito, se é certo ou errado, se é isto ou aquilo, se ele será egoísta ou generoso.
Mas como uma criança vai se tornar generosa hoje se cada um gosta de “ficar no seu quadrado”? Filhos únicos são mais mimados? O que fazer? Como educá-los? Sobre o mito do filho único, a professora Carla Inácio Gonçalves é enfática: “Hoje em dia, uma família grande pode ter vários ‘filhos únicos’”, afirma.
E é aí que entra a questão da individualidade. Na opinião do consultor Stanziani, a sociedade vem, sim, ficando cada vez mais egoísta. “Hoje há prioridade demais para valores individuais e isso gera menos pessoas dispostas a sacrificar seus interesses pelos do outro”, afirma.
Nem tudo está perdido, mas, como diz a psicopedagoga Márcia Reda, a mudança deve começar cedo, dentro de casa. “A família tem que encontrar o equilíbrio entre o tempo que cada um tem para si e para o filho. Não adianta passar um dia inteiro com o pequeno e não interagir com ele”, diz.
Atender ao telefone, ver TV, passar roupa ou fazer qualquer outra coisa que distraia os pais da criança é hora-quantidade e não tempo-qualidade. “É muito melhor ficar apenas duas horas com o baixinho que passar um dia inteiro sem ouvi-lo”, afirma Márcia.
Mas não pense você que individualismo é sinônimo de egoísmo. Aquele que aprecia a vida privada e não deixa de lado a realização do outro não é mesquinho. O egoísmo pode não ser ruim, se não for exagerado.

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